Nájila Cabral é professora do Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará (Cefet-CE). Pesquisadora acadêmica há mais de 12 anos, trabalha no Laboratório de Energias Renováveis e Conforto Ambiental, vinculado à Gerência da área de Construção Civil do Cefet. Hoje, é doutora em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
Nesta entrevista, Nájila discorre sobre as vantagens e desvantagens do Google como recurso de pesquisa acadêmica e sobre sua experiência em lidar com as ferramentas do Google. A pesquisadora também dá dicas de como aperfeiçoar as buscas de conteúdos para teses, dissertações e monografias na rede.
Nájila lembra ainda que os pesquisadores desonestos podem até se utilizar do Google, mas também podem encontrar sua punição por meio dele.
Por Julião Jr. e Pery Negreiros
O Google é uma ferramenta utilizada em pesquisa usualmente?
Sim. Tanto os pesquisadores professores como os pesquisadores estudantes, de iniciação científica, da graduação, mestrado e doutorado, têm utilizado as ferramentas do Google para pesquisas científicas. Existem algumas vantagens e desvantagens.
Quais são essas vantagens para os pesquisadores?
Na medida em que a gente tem uma ferramenta de busca como o Google, ela permite, dentro de toda a rede mundial de computadores, o acesso a arquivos, tanto em língua portuguesa como em outras línguas, a bancos de dados e informações existentes depositados nessa rede. O que antes de uma ferramenta como o Google ou de outras ferramentas parecidas, como esses sites de busca, a gente só tinha acesso por intermédio de periódicos nas bibliotecas. Com ele, você tem acesso a bibliotecas digitais e uma série de dados e informações que estão disponíveis.
O que antes era de acesso restrito...
Que antes eram restritos aos locais de acesso de maneira escrita.
Pesquisa é um negócio muito sério e todo mundo coloca o que quer na internet. Como é que a senhora utiliza o Google para ter segurança naqueles dados pesquisados por meio dele?
A gente costuma falar sempre para os alunos que devemos tomar cuidado com os instrumentos. E o Google é um instrumento, uma ferramenta. E, conforme você colocou, existem diversos sites e arquivos disponibilizados na rede, alguns com referências, outros que a gente costuma chamar de “lixo”. Então, é interessante que o aluno e o pesquisador tenham ciência que os dados com os quais eles vão se referenciar, se reportar, no Google, devem ter esse lastro cientifico. Caso contrário, eles devem ser negligenciados, deixados de lado.
Com sua experiência em bancas de mestrado e doutorado, a maioria dos alunos usa bem essa ferramenta ou está fazendo pesquisa de uma maneira errada?
A gente tem verificado junto aos alunos de iniciação científica, graduação, mestrado e doutorado que eles têm utilizado essa ferramenta como busca de artigos e teses disponíveis em bancos de dados virtuais e que, alguns, infelizmente, não têm agido de forma legítima ou legal, ou seja, fazendo cópias não autorizadas. Já tive algumas ocasiões em que alunos copiaram trabalhos que estavam disponíveis na rede – por intermédio do Google, basta colocar um assunto específico que você queira – e trocaram o nome do autor pelo nome do aluno e entregaram o trabalho. Isso é tipificado em lei como plágio.
Então, o Google é um pouco de dedo-duro nesse momento?
Assim como os alunos têm a facilidade de acessar os arquivos, os professores também têm. Então, não é tão difícil, para o pesquisador, encontrar os caminhos que os alunos encontraram para fazer download de alguns arquivos.
Você poderia dar algumas dicas aos alunos que estão para fazer monografia no sentido de que o Google os ajude a fazer suas pesquisas?,Pois, para muitos, é um momento meio que desesperador...
Eu gosto muito do Google acadêmico, que é uma ferramenta do próprio Google, que te dá acesso realmente a um banco de dados científico e acadêmico, com teses dissertações, artigos em periódicos e em revistas especializadas. Então, isso garante uma base de dados com critério e referência. E isso para academia é interessante. Algumas outras ferramentas disponíveis no Google, como o Google Earth, são bem interessantes para que os alunos, por exemplo, de Geografia, Arquitetura e Urbanismo, ou pessoas que trabalham na área ambiental, possam visualizar o espaço geográfico. Então, o Google te dá um leque de informações, de possibilidades, de instrumentação, que te facilita de alguma forma, mas é preciso realmente ter consciência do que se está fazendo, do que se quer, para poder ter um resultado satisfatório.
Com sua experiência, o que o Google significa para a senhora, como pesquisadora?
Facilitou bastante a vida do pesquisador, porque é um site de busca, mas que pode ser chamado de site de pesquisa. Mesmo não conseguindo ir direto para aquele endereço eletrônico desejado, a gente consegue mais ou menos uma direção para conseguir a fonte primária, como a gente costuma falar, as quais a gente está sempre em busca. Mas não apenas o Google é importante, pois existem outros sites que deveriam ser mais procurados pelos estudantes e que dão acesso, inclusive, a dados mais amplos, como o Altavista. Para o acesso a periódicos, indico aos meus alunos que procurem no Capes, onde você tem uma base de dados interessante para a área de conhecimento.
terça-feira, 29 de abril de 2008
quinta-feira, 10 de abril de 2008
As Convergências, o podcast e os integrados
No início do Século XX, o jornal era praticamente a única fonte de informação. Hoje, com a web, não é mais. Em vez de se digladiarem, como pensavam os apocalípticos, as mídias interagem entre si, contribuindo com as convicções dos integrados pró-Macluhan. Nos últimos anos, no âmbito jornalístico, as convergências midiáticas têm se firmado como realidade . Entretanto, para muitos, suas possibilidades ainda estão incipientes, especialmente no Brasil.
Ricardo Sabóia, professor do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza e entusiasta do ambiente virtual, avalia que mesmo os mais tradicionais veículos de comunicação, como o New York Times, têm se rendido a essa tendência das convergências, um tanto recente, mas que já está formando uma geração de jornalistas detentores de uma grande familiaridade com a rede. Os jornais “pararam de ver a internet como rival. Só que parar de ver a internet como rival é você admitir que é necessário produzir um conteúdo diferenciado que atenda a pluralidade da linguagem da web.”, diz.
Sabóia lembra que o jornal norte-americano começou a investir para se adaptar à era da web. “Durante muito tempo o site do New York Times era muito feio. A navegabilidade era horrível. Mas hoje você já vê sessões multimídia, jornalistas abastecem o site com conteúdo, independente ou não de escreverem no impresso. Por exemplo, o principal crítico de música do jornal (Jon Pareles) mantém um podcast na web”, cita.
Falando em podcast e em convergências, outro aficionado pela proposta de usar e abusar dos meios em prol da informação é o estudante de jornalismo Ronaldo Pinto. Ele também é dono do site razãotricolor.com.br, dedicado a cobrir o dia-a-dia do Fortaleza Esporte Clube, e nele, costuma implementar muitas de suas idéias. “Muito antes de se ouvir falar em podcast, eu já trabalhava uma idéia bem parecida no site”, conta. Ronaldo se refere à ação de gravar debates promovidos pelo Razão Tricolor, que tratavam de questões polêmicas do esporte – especialmente, é claro, quando os interesses do “Leão do Pici” estivessem envolvidos. Os programas eram gravados em mp3 e logo em seguida disponibilizados na rede.
Quanto ao uso de podcasts aqui no Ceará, Ronaldo acredita que é muito pouco difundido ainda. Não apenas esse recurso, mas toda a internet não é bem explorada. No caso de Ronaldo, isso acontece apenas por falta de condições financeiras. “Eu tenho um projeto do site todo disponível para 3G (terceira geração de celulares), mas está engavetado, porque custa muito caro”, afirma, com a frustração de quem tem um mar pela frente e não pode desbravá-lo.
Ricardo Sabóia, professor do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza e entusiasta do ambiente virtual, avalia que mesmo os mais tradicionais veículos de comunicação, como o New York Times, têm se rendido a essa tendência das convergências, um tanto recente, mas que já está formando uma geração de jornalistas detentores de uma grande familiaridade com a rede. Os jornais “pararam de ver a internet como rival. Só que parar de ver a internet como rival é você admitir que é necessário produzir um conteúdo diferenciado que atenda a pluralidade da linguagem da web.”, diz.
Sabóia lembra que o jornal norte-americano começou a investir para se adaptar à era da web. “Durante muito tempo o site do New York Times era muito feio. A navegabilidade era horrível. Mas hoje você já vê sessões multimídia, jornalistas abastecem o site com conteúdo, independente ou não de escreverem no impresso. Por exemplo, o principal crítico de música do jornal (Jon Pareles) mantém um podcast na web”, cita.
Falando em podcast e em convergências, outro aficionado pela proposta de usar e abusar dos meios em prol da informação é o estudante de jornalismo Ronaldo Pinto. Ele também é dono do site razãotricolor.com.br, dedicado a cobrir o dia-a-dia do Fortaleza Esporte Clube, e nele, costuma implementar muitas de suas idéias. “Muito antes de se ouvir falar em podcast, eu já trabalhava uma idéia bem parecida no site”, conta. Ronaldo se refere à ação de gravar debates promovidos pelo Razão Tricolor, que tratavam de questões polêmicas do esporte – especialmente, é claro, quando os interesses do “Leão do Pici” estivessem envolvidos. Os programas eram gravados em mp3 e logo em seguida disponibilizados na rede.
Quanto ao uso de podcasts aqui no Ceará, Ronaldo acredita que é muito pouco difundido ainda. Não apenas esse recurso, mas toda a internet não é bem explorada. No caso de Ronaldo, isso acontece apenas por falta de condições financeiras. “Eu tenho um projeto do site todo disponível para 3G (terceira geração de celulares), mas está engavetado, porque custa muito caro”, afirma, com a frustração de quem tem um mar pela frente e não pode desbravá-lo.
Ao conjecturar sobre esse mundo de possibilidades da convergência, Ricardo Sabóia confia que o podcast vai conduzir a uma nova relação entre o rádio e seus ouvintes. “Antes, você ainda precisava estar ouvindo o rádio simultaneamente para acompanhar um programa. Não precisará mais”, pondera.
Convergindo:
Podcast: a tecnologia
Podcast: o perfil do usuário
Podcast: possibilidades
quarta-feira, 2 de abril de 2008
É possível um "Wikijornal"?
Irreversível. Essa é a melhor definição para a proliferação da Web 2.0, ou internet colaborativa no contexto da informação. E Liberdade parece ser a palavra chave, atrativo principal da rede mundial de computadores, que não pára de se movimentar durante as 24 horas do dia. Os internautas há muito não vêem as coisas acontecerem diante de seus olhos, mas sim participam ativamente da construção de um novo mundo. A liberdade de ir e vir, entregar e trazer informações, arquivos, softwares, músicas ou simplesmente conhecimento é o que move esse ciberespaço.
Para o campo jornalístico, a grande discussão que se formou, diante desse quadro de mudanças constantes, diz respeito à participação dos leitores na construção do material informativo, opinativo e interpretativo que vai ao ar todos os dias na rede. As possibilidades técnicas apresentadas pelo meio interativo trouxeram uma discussão interminável com relação à legitimidade dessas informações.
Exemplo de internet colaborativa mais marcante é, sem dúvida, a Wikipedia, nada mais que uma enciclopédia eletrônica com atualizações constantes feitas pelos próprios internautas, cadastrados previamente no site. A partir do conceito da Wikipedia, poderíamos elaborar o questionamento: será que um dia teremos a oportunidade de ver um jornal eletrônico forjado nesse modelo, ou seja, com reportagens colaborativas, feitas por pessoas comuns, complementando os textos com informações que achem relevantes? Parece meio improvável, não é? Algo parecido com o termo “samba do crioulo doido”, mas longe de ser impossível viabilizar haja vista as proporções que as coisas vêm tomando.
Então, vamos imaginar o processo de produção desse jornal hipotético. Primeiro, no início do dia, ocorreria uma reunião de pauta... Xii! Mas como seria possível essa reunião?? Não, não, melhor não se atrever a tanto. Deixemos isso para quem tem mais imaginação. George Orwell, ou Tolkien, talvez.
Para o campo jornalístico, a grande discussão que se formou, diante desse quadro de mudanças constantes, diz respeito à participação dos leitores na construção do material informativo, opinativo e interpretativo que vai ao ar todos os dias na rede. As possibilidades técnicas apresentadas pelo meio interativo trouxeram uma discussão interminável com relação à legitimidade dessas informações.
Exemplo de internet colaborativa mais marcante é, sem dúvida, a Wikipedia, nada mais que uma enciclopédia eletrônica com atualizações constantes feitas pelos próprios internautas, cadastrados previamente no site. A partir do conceito da Wikipedia, poderíamos elaborar o questionamento: será que um dia teremos a oportunidade de ver um jornal eletrônico forjado nesse modelo, ou seja, com reportagens colaborativas, feitas por pessoas comuns, complementando os textos com informações que achem relevantes? Parece meio improvável, não é? Algo parecido com o termo “samba do crioulo doido”, mas longe de ser impossível viabilizar haja vista as proporções que as coisas vêm tomando.
Então, vamos imaginar o processo de produção desse jornal hipotético. Primeiro, no início do dia, ocorreria uma reunião de pauta... Xii! Mas como seria possível essa reunião?? Não, não, melhor não se atrever a tanto. Deixemos isso para quem tem mais imaginação. George Orwell, ou Tolkien, talvez.
Assinar:
Postagens (Atom)